Estado terá novo surto de de dengue no próximo ano
A ocorrência de grandes quantidades de casos de dengue não ficará na lembrança quando o ano de 2009 acabar. O secretário de Saúde do estado, Jorge Solla, disse que a epidemia de dengue na Bahia irá se repetir no próximo ano. “Este ano, aBahia teve uma concentração grande na região sul (Itabuna, Ilhéus Jequié, Porto Seguro) e no próximo ano, as outras áreas do estado deverão passar pela mesma situação”, anunciou.
O secretário explica ainda que o estadovive, há 15 anos, uma epidemia da doença e nesse tipo de situação infecciosa é natural que aconteça uma distribuição da incidência. “Estamos vivendo o terceiro ciclo epidêmico na Bahia. Nesse estágio da doença, é normal que de tempos em tempos se tenha surtos periódicos de casos registrados, como acontece em 2009 e haverá em 2010”, sentenciou Solla.
Segundo o secretário, a maior epidemia vivida pelos baianos foi em 2002, quando foram registrados 87.237 casos, a maioria pelos tipos 1 e 3 da doença. “A outra situação foi em 1996, quando foram notificados 61.435 casos, a maioria pelo tipo 2 da doença”, disse Solla. De acordo com ele, de todas as doenças infecciosas, a única que teve crescimento na Bahia este ano, comparado com os anos anteriores foi a dengue.
Solla explicou ainda que as pessoas que foram atingidas na epidemia anterior se tornam imunes, mas portadoras do vírus. Uma vez picados pelo mosquito, eles passam o vírus para o inseto, que retransmite a doença para pessoas suceptíveis [que ainda não têem imunidade para o vírus]. Isso explica a grande contaminação de crianças na epidemia deste ano. Dessa forma, a população de uma área extremamente infectada em um ano, comoItabuna, não será afetada no ano seguinte.
Ações de controle
Em 2008, no Brasil, houve epidemia marcante de dengue no Rio de Janeiro, Sergipe e Mato Grosso do Sul. Este ano, o sul da Bahia,oEspírito Santo e Minas Gerais estão sendo atingidos. “Quem escapa dessa epidemia em um ano é um forte candidato para o próximo ano. Como a Bahia não foi igualmente atingida pelos casos, a probabilidade do novo surto é existente”, acrescentou o secretário.
Apesar do risco da continuidade da epidemia, o secretário garante que a situação pode ser evitada. “Depende das ações de controle e da conscientização das pessoas e dos municípios. Só se elimina os casos quando há erradicação dos focos, principalmente dentrodosdomicílios”,explica.
No ano passado, 50% dos municípios não completaram as ações de combate à doença determinadas pelo governo federal e isso foi refletido no crescimento de casos este ano”, concluiu, lembrando que as cidades com a saúde descentralizada são responsáveis pelo controle.
Quase 40% das amostras são nulas
Dos 109 óbitos suspeitos notificados na Bahia no primeiro quadrimestre do ano, 49 foram confirmados por exames realizados no Laboratório Central Gonçalo Moniz. Porém, dos 60 restantes, em alguns casos, a causa da morte nunca será conhecida. O representante da secretaria informa que dois fatores contribuem para que esses casosnão sejam investigados. “Pode haver falha na manipulação da coleta e também no transporte do material coletado, o que invalida a análise”, explica.
Apenas 61,7%das amostras enviadas para isolamento viral, que identifica a presença do vírus da dengue, foram adequadas para a realização doexame.“Ocuidadotemque ser mais intenso porque a amostra acaba sendo descartada. Sempre vai ter uma certa quantidade de casos pendentes. Isso é natural dentro do processo de investigação epidemiológica”, destacou Solla.
Todo caso suspeito de dengue deve ser notificado, mas nem todo caso notificado tem análise laboratorial, segundo informações do secretário. “A dengue éumadoença tão presente nesse momento de epidemia que não justifica você fazer a confirmação laboratorial de todos os casos, como nos casos brandos”.
(Notícia publicada na edição impressa de 15/05/2009 do CORREIO)