Raul Monteiro

Depois da derrota que impôs ao time do PT no último domingo, o prefeito eleito de Salvador, ACM Neto (DEM), virou motivo de uma forte preocupação no partido do governador Jaques Wagner, do ex-candidato Nelson Pelegrino, do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff. Os petistas temem que ACM Neto decida largar o DEM para abraçar-se com o PMDB.

A iniciativa, ainda não confirmada por nenhuma das partes, permitiria que o democrata se incluísse na base do governo Dilma Rousseff, mas permanecesse na oposição ao PT na Bahia, em especial ao governador Jaques Wagner. É o mesmo figurino exibido pelo ex-ministro Geddel Vieira Lima, por acaso um dos líderes do PMDB baiano e um dos aliados de ACM Neto no segundo turno eleitoral.

Com a “inclusão” na base de Dilma, o prefeito eleito garantiria interlocução ampla para lutar por verbas pela capital baiana junto ao governo federal, um modelo em que o prefeito João Henrique pensou quando decidiu ingressar no PMDB do mesmo Geddel e depois no PP de Mário Negromonte e João Leão, ambas legendas da base governista federal.

“Já pensou Wagner ganhar mais um adversário declarado na Bahia que é aliado da presidente Dilma?”,questiona ao Política Livre um petista com acesso livre ao governador, referindo-se explicitamente a Geddel. Para ele, o cenário pode representar mais uma dificuldade para a movimentação do PT e de Wagner em 2014.

Ele confirma que o boato sobre a ida de ACM Neto para o PMDB estaria na base do surgimento na imprensa nacional, estimulado pelos petistas, de uma sucessão de intrigas envolvendo o nome do prefeito eleito, do vice-presidente da República, Michel Temer, presidente nacional dos peemedebistas, e da presidente Dilma Rousseff.

Quando ao prefeito eleito, o problema maior seria justificar a nova filiação para a sua legenda, o DEM, além do aliado PSDB, que investiram o que puderam em sua candidatura à Prefeitura no segundo turno, mandando para a capital baiana, inclusive, alguns de quadros mais importantes, principalmente depois que se evidenciou a possibilidade de vitória do PT em São Paulo, como ocorreu.