COM ARES DE VIDENTE, LOBÃO NEGA DESABASTECIMENTO DE ENERGIA
‘Nossos reservatórios estão com dificuldades, mas a tendência é melhorar’, disse o ministro Lobão, prevendo chuvas para regularizar os níveis das barragens hidrelétricas.
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O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, voltou a afirmar nesta quarta-feira que não há risco de desabastecimento de energia no país, mas reconheceu o atraso em obras de usinas e confirmou que a estabilização do cenário depende agora das chuvas.
Em entrevista coletiva concedida após reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), Lobão afirmou que atrasos nos investimentos não comprometem a segurança energética do Brasil. Ele garantiu que o país não corre risco de racionamento e ainda se arriscou a fazer previsões ao afirmar que, diante das chuvas que vêm caindo, os níveis dos reservatórios subirão o suficiente. “Nossos reservatórios estão com dificuldades, mas a tendência é melhorar daqui para frente”.
Lobão deixou transparecer que, na prática, o governo agora depende apenas das chuvas. “Essa reunião não teve nada de especial. Nada diferente das anteriores. As medidas para segurança estão todas em prática. São as que sempre houve e que sempre deram certo”. Mas ele afirmou que, com a entrada em operação de novas térmicas (como as de Suape e Nova Venécia) e hidrelétricas (Jirau e Santo Antônio), o país deve passar a gerar mais 6 mil megawatts de energia até o fim de abril. Dessa forma, e com a expectativa de chuva, o sistema pode ficar menos sobrecarregado.
O alívio poderia ter chegado antes. Mas o atraso nas obras das hidrelétricas, especialmente as do Rio Madeira, em Rondônia, prejudicou o cronograma: “Os atrasos realmente existem, infelizmente, em todas as obras do país – e não apenas no setor elétrico”, admitiu o ministro.
O ministro afirmou que, ainda que todas as termelétricas estejam funcionando a todo vapor, não há risco de falta de combustível para que continuem operando. Lobão também descartou a possibilidade de falta de gás para o setor industrial devido ao direcionamento do fornecimento para as térmicas. “Não há a menor chance de desabastecimento da indústria. Há dois tipos de contrato com a distribuidora: um é firme e inflexível, o outro é firme flexível. Em uma hipótese ou em outra, não haverá desabastecimento”, afirmou o ministro.
Participaram da reunião o ministro Lobão, a presidente Dilma, além de integrantes do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), da Agência Nacional do Petróleo (ANP), da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), da Câmara de Compensação de Energia Elétrica (CCEE), da Agência Nacional de Águas (ANA) e do Centro de Pesquisa de Energia Elétrica (Cepel).
Preço da energia – Segundo o diretor da ONS, Hermes Chipp, se as térmicas funcionarem a todo vapor ao longo do ano inteiro, haverá um acréscimo de 2% a 3% na conta de luz. “Mas isso não vai acontecer”, garantiu o diretor, afirmando que dificilmente as térmicas funcionarão em sua totalidade ao longo de todo o ano. O custo atual de operação das termelétricas é de 400 milhões de reais por mês.
Hermes Chipp declarou ainda que os impactos do acionamento das termelétricas podem ser divididos para evitar que o consumidor arque com todo o custo: “O (sistema) que está vigendo passa totalmente para o consumidor. Existem alternativas que vão ser analisadas em função da expectativa”, disse ele.
Apesar da possibilidade de aumento devido ao uso das térmicas, Edison Lobão afirmou que o governo manterá a redução de 20% do preço da energia prometida no ano passado.