HOSPITAL DE ITORORÓ SE DEBATE A CAMINHO DO CALVÁRIO
Milton Marinho
A coisa tá feia mesmo. Culpa de quem? Dos políticos. O Hospital de Itororó vive seus dias de miséria absoluta. Este, que já fora um dia o grande lar de acolhimento de enfermos e ainda o é, porém sem as condições para realizar os seus propósitos essenciais, chega hoje ao cúmulo de se encontrar com o pires na mão em busca de alimentos para não ter que fechar. A iniciativa do grupo que saiu em busca de mantimentos para o hospital é muito boa, é a mão cristã a serviço da política para socorrer a entidade e tirar o pecado dos reais pecadores.
O grupo, todo ele composto de pessoas influentes na região: vereadores, comunicadores de rádio, representantes de deputados que estendem a mão amiga para a causa, mas que não resolve, pois o gesto samaritano pune a sociedade mais uma vez, que agora paga mais uma espécie de imposto para manter o hospital funcionando, preferindo o grupo, manter seus líderes imunes, blindando-os do problema, isentando-os da realidade desse encosto ou estorvo social em que se tornou o Hospital de Itororó que ao longo do tempo, eles mesmos foram os engenheiros dessa obra, todos eles, sem exceção.
Seus funcionários que são figuras altruístas, de dedicação sem igual, chamam para si a causa e enfrentam os dissabores dessa devoção, doando sangue, suor e lágrimas para mantê-lo aberto, enquanto os políticos da cidade tratam o hospital como se ele fosse um elemento invisível, fazendo parecer que não é problema de nenhum deles. Faz-se saber que o Hospital e Maternidade de Itororó, o Matadouro, a Azaleia, o raio que parte a árvore, o pardal que morre no jardim etc. são problemas numa comunidade que só podem ser resolvidas pela política. E a política de Itororó dedica a esta casa de saúde, décadas de descaso e desprezo.
Historicamente, os gargalos que existem na cidade são tratados de forma superficial pela classe política dominante, que se importa muito em fazer a política da contemplação e divisão das receitas do município para pequenos grupos, objetivando a manutenção do poder, esquecendo eles, dos serviços essenciais que comtemplam a maioria, o que seria a forma mais comum de manutenção no poder. Enfim, enquanto os políticos poderosos priorizam suas mazelas, o Hospital de Itororó padece e agoniza na enfermaria do tempo. Talvez tenhamos que, neste “novo governo”, recadastrá-lo no programa FOME ZERO e, de posse do cartão Bolsa Família, pereçamos todos juntos rumo ao caos absoluto. Do jeito que está o nosso Hospital, ao invés de produzir saúde vai produzir doenças, e isso não é nada bom. É o estado contra o povo.
Segundo o abnegado diretor do hospital, doutor Jaime, bastasse que o governo corrigisse as defasagens dos procedimentos médicos (consultas, suturas, cirurgias etc.), que a situação melhoraria. Aí, é onde entram os nossos Super- Homens, os políticos.
Partidos a parte, acho que os deputados, Rosemberg e Sergio Brito poderiam, a quatro mãos, abraçarem esta causa e juntos resolverem o problema. Até porque, volta e meia eles se juntam em defesa do que interessam a sociedade. Para coroar a memória regional, digam-se de passagem, eles têm duas coisas em comum com o nosso hospital: São filhos de Itororó e estão no poder por conta dessa coincidência original.