CABELO E BARBA
Milton Marinho
Depois da derrota do ex-prefeito Adroaldo nas eleições de 2012, além dos esvaziamentos do processo político que ocorre naturalmente, acontece também que as lideranças neo-petistas se sentiram abandonadas pelo seu líder, que não tinha mais como ampará-los, nem economicamente, nem ideologicamente, simplesmente porque não foram treinados para sobreviverem de barrigas vazias. Aliás, de barriga vazia ninguém sobrevive. Daí, ninguém vai pedir votos para os profissionais do ramo da política.
Nessa arena, onde as “crionças” têm um apetite voraz, apetite de quem tomam Biotônico Fontoura com Emulsão de Scotch, mais aberto para as causas e efeitos de época eleitoreira, afeitos a sentirem que a carne dos políticos está passando diante dos seus olhos, e que, ela precisa ser abocanhada, senão só daqui a mais quatro anos, portanto, sentem eles, pela natureza da política que se pratica em Itororó e no Brasil, mais fome que as figuras despolitizadas, a massa.
São eles, os homens que se sentem grandes diante de seus ídolos, os políticos de mandatos, legisladores e executivos; são eles, os homens de nosso interior que gostam da política, mais do que qualquer coisa; são eles, os que arrebanham aqueles que gostam menos de política, indo até a porta dos que não gostam; são eles, os especialmente desnutridos de uma vida amena, que, às vezes até por falta do “dicumê” e do prato da esperança (sem ofensas); anseiam pelas passagens de quatro em quatro anos dos excelentíssimos senhores de terno e gravata.
Todos nós esperamos por esses raros personagens. Uma eleição não é somente a hora deles, é a hora nossa também. E, são esses bravos servos que os espreitam pelas esquinas de seus bairros periféricos para que as sumidades apareçam em meio a turba enorme, com roseirais de promessas e ilusões passíveis de se seguir, mesmo que sejam os ilustres os deputados, os chamados de autoridades “copa do mundo”. Mesmo assim, são eles, os nossos líderes comunitários local que empurram aqueles que nos representa no alto e no baixo clero do Congresso Nacional, geralmente o baixo.
Para se fazer política, qualquer que seja ela, tem que estar de barriga cheia. Senão, não faz. Adroaldo, Marco, Edneu e todos nós compreendemos isso como um princípio. O contrato social que Adroaldo redigiu foi assinado em camarilha com o povo errado. Ele negociou o dinheiro e a esperança do povo com aqueles que não precisavam mais: os ricos. – Os de “linhagem da cidade, os que já estavam bem alimentados desde antes de sua fundação, e deu no que deu. O que todos sabem. Rompeu com a maioria em detrimento de uma minoria rica.
Os ricos estão sempre de barrigas vazias, no entanto, são os que comem mais na seara do dinheiro público. Se dão eles ao luxo de comer menos, para não engordar; a gordura não virar doença. Os riquinhos, utilizam de dietas que controlam os males causados pela gordura e pelos excessos causados por ela. Enquanto o pobre, não pode comer o que precisa para se manter de pé. Não tem a maioria, o direito de adquirir esta doença.
Essas lideranças, que hoje rumam para Antônio Brito, rumam para se manterem politicamente esperançosas de alguma coisa. Principalmente, porque com a aparição do deputado em nossas plagas, em nosso cenário, parece ele, ter arrancado o pé de desespero plantado por Adroaldo e, sobre a mesma cova rasa largada no tempo, ele replanta, através do vereador Gustavo, um pé de esperança para estes escudeiros de fé.
O vereador Gustavo só está no PT por uma questão de estratégia, para o que ele está fazendo, ou propondo, e o faz com enorme sucesso: tirando o povo do PT do buraco em que Adroaldo deixou para uma caminhada compensatória e exitosa como agrupamento partidário. Gustavo propõe para o que resta, um não ao esfacelamento do grupo e um sim como frente de libertação que pode dar certo. Evidente que o projeto de Antônio Brito, tem que gravitar em uma ligação umbilical com Itororó. Antônio Brito está se fazendo presente na região a algum tempo; Geraldo, está devendo; Adroaldo, sua liderança, é o maior responsável pelo sumiço da “santa”.
Adroaldo, não só deixa os espaços vazios, mas, abre ele, uma cratera dentro do PT sem tamanho e jamais imaginada. Gustavo quer resgatar o partido, mas Adroaldo não deixa. Só uma intervenção estadual poderá salvar a agremiação. A renovação é a ordem do dia. Adroaldo gangrenou e esclerosou o partido como ninguém. E, naquele terreno fértil que um dia o ex-prefeito pisou, com todos os astros da federação e do estado baiano, ao seu favor conspiravam, ele consegue, com seus estratagemas dos deuses e uma incompetência descomunal perder a reeleição. Nem erva daninha nasce mais naquele terreno.
Mesmo no tempo em que o PT era somente uma sementinha, não havia esse buraco negro, pois existia uma esperança vermelha se formando e gravitando sobre os céus da cidade. É claro que dentro do conceito das proporcionalidades.
A prova de que não só os ex-companheiros de guerra do partido estão abandonando o barco do PT, quase que como retirantes em busca de um lugar ao sol, é a notória ausência da mídia compulsiva que durante o mandato do partido, fazia de seus líderes, os mais onipresentes dos deuses da política baiana; de Itororó para o mundo. Especialmente em época de festa, onde se faz obrigatória a presença maciça daquele que se julga (ainda que no limbo) a “maior liderança individual do município” por ter enfrentado nas últimas eleições no município, 3 prefeitos e um laranja que seria eu, o lixo humano, segundo sua encíclica.
A confirmação dessa liderança toda, deverá acontecer agora com a votação de Geraldo Simões. Para ter se chegado à essa conclusão, quase dois anos fora do poder, ao invés de ter empregado dinheiro e tempo em instituições de ensino, o ex-prefeito tenha montado também uma fábrica de urnas eletrônicas. De outro modo, ele continua o mesmo ou pior: prefeito de ninguém, arrogante sem conserto e um blefador contumaz.
Neste São João ninguém deu as caras e posou para as lentes dos “paparazzi” local. Dizem que o ex-prefeito desapareceu para as bandas do Maranhão, fora tratar de negócios para livrar a feira como requer a um homem que trabalha para viver. Podem vocês, acreditarem que, se Adroaldo abandonou sua prole política e foi para longe de Itororó, certamente, foi constituir outra prole, para uma futura exploração e um abandono futuro.
É a batida repetitiva da ciência política praticada com o rigor, por aquele que não pensa em outra coisa, senão em explorar o ser humano em suas reservas mais profundas e mais doces. E assim, Adroaldo visa dar continuidade ao seu êxodo solitário (nem tanto) pois deve a nossa “maior liderança individual” estar “montada na ema”, até porque ninguém pode ser uma liderança tão grande sem estar cheio da grana, pois precisa ele, conduzir os seus liderados para algum lugar, (com exceção de Cristo e de buda que não precisavam de dinheiro, mas endossavam o dízimo para a manutenção da obra). A verdade, o carisma, e o espírito eram as suas moedas. Longe de tudo isso, está o nosso “franciscano feito nas coxas” de Itororó. O êxodo coletivo daqueles que um dia acreditaram, ter tido Adroaldo, como seu líder, funciona com a maior naturalidade. Correm em debandada para Antônio Brito, seu novo comandante.
Tudo isso, graças à ação de um advogado e vereador do partido, doutor Gustavo que, em busca para legitimar um pleito que Adroaldo lhe nega. Segue o vereador, sozinho, abrindo ainda mais essa cratera deixada pelo seu ex-prefeito e ex-líder, porém, criando um novo PT dentro do quase extinta agremiação absolutista de Adroaldo. Gustavo precisa de um PT democrático, não de um PT dirigido com mão de ferro, só assim, as veias abertas desse partido começará a bombear sangue humano ao invés de sangue sintético e falso que o traz para as fronteiras de pó em que o partido está beirando. Gustavo quer a libertação do partido, de modo que possam seus militantes e simpatizantes, romper com o cerco fechado e com a camisa de força impostos por Adroaldo, ferindo, (desde o mandato) a jugular da agremiação vermelha.
UM CHAFARIZ PARA CADA PRAÇA. (PARA SER MEMORIZADO)
Dos 31 templos religiosos do município, (no tempo das vacas gordas, dinheiro jorrando pelas torneiras do SAAE, e das demais repartições) 26 igrejas estavam com ele, hoje, “32 deles” estão contra ele e contra seu partido. Adroaldo fez com que o PT e sua real militância, em curto espaço de tempo, vivessem em Itororó os últimos dias de Pompéia; os únicos prêmios endereçados a todos aqueles que elevaram o partido ao olimpo político da cidade foram os mais excomungados troféus feitos de cinzas.
Os militantes, alguns militontos, se encontram abandonados, deixados pelo meio do caminho; estes, sobreviventes com parcos recursos, mas que se mantinham na ativa, hoje, não. Os vultosos recursos oriundos de uma prefeitura que incapaz de falir, até porque, o papel dela, era o de conspirava a favor dos ricos, esgarçando, cada vez mais o tecido social nas camadas mais pobres.
Algumas “viúvas” do governo de Adroaldo vão reclamar dessa nota, como sempre fazem, tipo: – Esse Milton Marinho não esquece Adroaldo. Adroaldo não é mais prefeito, esquece o homem. O que não dá para fazer. O governo de Adroaldo é inesquecível, tanto pelo que fez como pelo o que não fez, e ninguém foge da implacável justiça da história. Adroaldo marcou com o ferro da desgraça a muitos de nós. Não teve piedade a quem ele quis ferrar, além de mim. Quando ando pela cidade, percebo os “langanhos humanos” deixados pelo seu governo. Provas vivas que se debatem à luz do dia na extinta terra da carne-de-sol, outra obra sua.
ANTÔNIO BRITO VAI ENGOLIR GERALDO
Sem alguém para lhes apontar um norte para seguir; eis que surge a figura do deputado Antônio Brito. Que pode ser a redenção dessa turma, em detrimento daquele que está sendo seu fantasma e pesadelo.
Antônio Brito foi tão bem recebido pela população de Itororó, que o vê como um líder carismático, e que, substitui tão bem o federal do PT Geraldo Simões, ao ponto de parecer que Antônio Brito é oriundo da cidade da carne-de-sol, e faz de Geraldo um ilustre desconhecido. Atribui-se, por um lado, esse fato ao ex-prefeito que não sabe mais fazer política sem o poder e, por outro lado, a vontade do vereador Gustavo que avança rumo ao seu sonho de querer ser prefeito da cidade, mesmo que para isso, ele tenha que implodir o próprio partido, (por enquanto, ele só está no preparo dos artefatos), já que Antônio Brito pode lhe garantir outra legenda. Gustavo deve fazer o que tem de ser feito, para que, do caos deixado por Adroaldo, renasça a ordem com novos atores que desejam e aspiram uma Itororó melhor.
Milton Marinho