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Folha

No primeiro debate do segundo turno das eleições presidenciais, Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) trocaram pesados ataques na noite desta terça-feira (14), relacionando um ao outro a atos de corrupção, nepotismo e patrocínio de interesses privados.

No evento promovido pela TV Bandeirantes –o primeiro dos quatro debates previstos para o segundo turno–, o tucano e a petista também se acusaram mutuamente, seguidas vezes, de serem levianos e de liderarem uma campanha de mentiras.

“A sua propaganda é só mentira. Não pode ser esse vale-tudo. Eleve o nível do debate”, disse Aécio em determinado momento. Dilma, por sua vez,

O clima reflete a acirrada disputa para o Palácio do Planalto. De acordo compesquisa do Datafolha divulgada na sexta (10), Aécio tinha 51% das intenções de votos contra 49% de Dilma.

Logo no segundo bloco do debate, o tema corrupção veio à tona, por iniciativa do tucano, que chamou de “absolutamente inacreditável” denúncias envolvendo a Petrobras.

Revelado na esteira da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, o escândalo da Petrobras ganhou projeção com a divulgação, na semana passada, de depoimentos do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef. Segundo os dois, recursos desviados da estatal abasteceram campanhas de PT, PMDB e PP.

A petista respondeu dizendo que sua indignação é a mesma de todos os brasileiros, mas partiu para o ataque. Citou casos relacionados aos tucanos, como o mensalão mineiro, o cartel de trens de São Paulo e a compra de votos para a aprovação da reeleição durante o primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso (1995-1998).

“Aonde estão todos os envolvidos no caso da compra de reeleição? Todos soltos. […] O que eu não quero é isso, candidato. Eu quero todos aqueles culpados presos”.

“A senhora busca comparar coisas muito diferentes. O que acontece na Petrobras é algo extremamente grave”, respondeu Aécio.

A petista seguiu na ofensiva, lembrando a revelação, feita pela Folha, de que o adversário, durante sua gestão no governo de Minas (2003-2010), construiu um aeroporto numa área desapropriada na fazenda de um tio-avô, em Cláudio. Além disso, acusou o tucano de nepotismo.

“Eu quero dizer que o nepotismo é crime. O senhor teve uma irmã, três tios e três primos no seu governo.”

Aécio mostrou indignação. “Eu quero responder olhando nos seus olhos. A senhora está sendo leviana, candidata. O Ministério Público Federal atestou a regularidade dessa obra”, disse.

Apenas parte do caso envolvendo o aeroporto em Claudio, no entanto, foi arquivado pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot. O magistrado mandou o Ministério Público de Minas apurar se há improbidade administrativa.

Sobre a irmã Andréa Neves, uma de suas principais auxiliares, também mostrou-se exaltado. “A senhora tem a obrigação agora de dizer onde minha irmã trabalha. Sua propaganda é uma mentira. A senhora mente aos brasileiros para ficar no governo. […] A senhora deixou o governo num mar de lama.”

“Leviano neste caso que estamos discutindo foi o senhor”, rebateu Dilma.

Retrucando sobre o tema corrupção, a petista ressuscitou casos de corrupção envolvendo governos tucano, como o escândalo da Pasta Rosa, de 1995. Na ocasião, foi encontrada uma lista de supostas doações irregulares feitas para políticos aliados do governo -de Fernando Henrique Cardoso-, como Antonio Carlos Magalhães, José Sarney e Renan Calheiros, entre outros, durante a intervenção no Banco Econômico.

O clima acirrado permeou todo o debate, com alfinetadas veladas. A presidente, que é mineira, disse que não saiu de Minas “a passeio”, em referência ao fato de Aécio se dividir entre Minas e o Rio. Ao rebater Aécio, Dilma acusou o tucano de “fabular” em citação ao Bolsa Família.

Só nas considerações finais Aécio citou Marina Silva (PSB), terceira colocada na eleição, que declarou apoio ao tucano. Apesar do duro embate, os dois se cumprimentaram no final.

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