:: 21/maio/2017 . 19:20
ZÉ ELIAS: “É INACREDITÁVEL QUE MP E PF ACEITEM UMA GRAVAÇÃO SEM MANDAR PERICIÁ-LA”
No processo de produção da notícia, a apuração é fundamental. Para que um órgão de imprensa não cometa erros e publique uma notícia com imparcialidade, deve olhar todos os ângulos da informação que detém.
O Jornal Nacional levou ao conhecimento dos brasileiros a delação de Joesley Batista, um dos donos do JBS. Os apresentadores William Bonner e Renata Vasconcellos, durante vários minutos, desfilaram um rosário de ilícitos cometidos pela empresa ao longo dos últimos anos. Ficamos sabendo que o JBS pagava 4% do valor de cada contrato firmado com o BNDES; os ex-presidentes Lula e Dilma possuíam 150 milhões de dólares no exterior; pagou-se 35 milhões a cinco atuais e ex-senadores do PMDB para garantir o apoio do partido à reeleição de Dilma; foi solicitado 150 milhões para comprar votos contra o impeachment e que foi liberado 15 milhões para comprar 5 deputados ao valor de 3 milhões cada; o senador Aécio Neves vivia pedindo dinheiro e por último solicitou 2 milhões; que o Presidente Temer sabia de tudo e que teria concordado e incentivado manter um “mensalinho” para que o Dep. Eduardo Cunha mantivesse o “bico” calado. Outros escândalos foram delatados. Mas, o “bolo da cereja” foi uma gravação da conversa entre o empresário delator Joesley e o Presidente Temer.
Duas hipóteses: 1- Joesley decidiu por conta própria, gravar a conversa com o Presidente, e posteriormente procurou o Ministério Público e a Polícia Federal, para entregar o material. 2 – Joesley procurou o Presidente Temer para gravá-lo, mas anteriormente, já havia combinado tudo com o MP e a PF.
Se a opção for 1, é inacreditável que MP e PF, aceitem uma gravação sem mandar periciar sua autenticidade. Se a opção for 2, só poderia ser feita tal gravação com autorização do Supremo.
A imprensa ajuda a combater a corrupção ao noticiar escândalos envolvendo políticos, empresários e autoridades, e cada veículo de comunicação é livre para adotar a linha editorial que quiser. Na quinta-feira, assistindo ao noticioso da Globo com minha família e estarrecido com as revelações ali mencionadas, perguntei: quem mandou gravar?
Com a palavra Hercule Poirot: no crime sempre tem alguém que leva vantagem, é só enxergar onde está a vantagem.
PS: como leitor da obra de Agatha Christie desenvolvi o habito de ler os romances envolvendo o detetive Poirot com a perspectiva acima mencionada.
Por José Elias Ribeiro
GOVERNO DA BAHIA ABANDONA A CESTA DO POVO E DESPREZA TRABALHADORES
Uma proposta nada amigável do governo do Estado da Bahia surpreendeu a Associação Baiana de Trabalhadores da Ebal/Cesta do Povo (Abtec) neste mês de maio. Além de demitir mais de 1.000 funcionários da Cesta do Povo de forma escalonada e ter fechado mais de 150 lojas em todo o Estado, desde que assumiu o cargo de governador, Rui Costa (PT) abriu uma enquete nesta semana para os funcionários que ainda restam nas 60 lojas abertas da Ebal espalhadas nos municípios, propondo demissões voluntárias sem perda de direitos trabalhistas.
Entretanto, há uma contradição nessa proposta: como pode um plano de demissão voluntária garantir direitos trabalhistas se o propósito de tal plano é enxugar gastos com gestão de pessoas? Essa enquete é vista pelo presidente da Associação de Trabalhadores da Ebal, Francis Tavares, como resposta ao desespero do governador, uma vez que não conseguiu leiloar a Cesta do Povo e privatizá-la.
No dia 28 de junho de 2017 será realizada a primeira audiência da Ação Civil Pública dos trabalhadores da Ebal/Cesta do Povo, impetrada pelo Ministério Público do Trabalho por conta de uma denúncia da Abtec no segundo semestre de 2016, com a finalidade de reintegrar os funcionários demitidos e tratar da negociação do futuro destes funcionários e dos demais que ainda se mantêm em seus postos de trabalhos. Esta Ação Civil Pública é abrangente a todos os trabalhadores da Ebal/Cesta do Povo, o que inclue os de cargos comissionados e funcionários em exercício.
Nem mesmo os concursados estão escapando dos ataques do governo. Assim como tantos outros, uma funcionária da Cesta do Povo da cidade de Jequié, que prestou concurso público para o cargo, foi demitida. Contudo, no mês de abril, a Associação conseguiu a reintegração da mesma. “Mesmo com ação coletiva em andamento impetrada pelo Ministério Público do Trabalho, estamos orientando os trabalhadores demitidos da Cesta do Povo a entrarem em contato com o departamento jurídico e abrirem ação individual”. Explica o presidente da Abtec, Francis Tavares.
Segundo Tavares, a Associação está planejando a publicação de outdoors por pelo menos 20 cidades do interior do estado após os festejos juninos a fim de garantir visibilidade à causa dos trabalhadores e pressionar o governador do estado contra as demissões dos empregados públicos. Além disso, outras ações de publicização dos ataques aos trabalhadores e ao sucateamento da Cesta do Povo estão sendo planejadas para todo o Estado da Bahia. //Ascom Abtec
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