O fim melancólico de Ricardo Teixeira

 

Esta quinta-feira, véspera de carnaval, poderá ser histórica para o futebol brasileiro. No Rio de Janeiro é dado como certo que Ricardo Teixeira renunciará à presidência da CBF. Segundo o blogueiro Claudio Humberto, seus assessores e amigos mais próximos perceberam que era iminente sua saída quando ele voltou sozinho de suas férias de fim de ano na casa que mantém em Boca Raton, Miami: permaneceram lá sua mulher e a filha de 11 anos, devidamente matriculada em uma escola norte-americana.

O motivo seria uma nova acusação de receber propina. Desta vez, não foram os milhões da ISL. A Polícia Civil em Brasília encontrou cheques de R$ 10 mil ao presidente da CBF emitidos por Vanessa Precht, uma das sócias da empresa suspeita de ter superfaturado amistoso da seleção brasileira. O jogo foi bancado por R$ 8,5 milhões em dinheiro público.

Um contrato entre Vanessa e Teixeira, de março de 2009, estabelece um arrendamento da fazenda dele, em Piraí, a cerca de 80 km do Rio, para a sócia da Ailanto.

Com a descoberta dos cheques nominais emitidos por Vanessa, a polícia concluiu que há um vínculo entre Teixeira e a Ailanto, que organizou o amistoso da seleção contra Portugal, em 2008. O jogo foi bancado por R$ 8,5 milhões em dinheiro público.

Por meio de sua assessoria de imprensa, Ricardo Teixeira afirmou que o contrato de arrendamento de suas terras para Vanessa não tem vínculo com o amistoso entre a seleção brasileira e Portugal. Questionada sobre os cheques dela para o dirigente, a assessoria afirmou que todo negócio da cessão de terras foi “legal e declarado no Imposto de Renda”.

Segundo a assessoria, a CBF não tem relação com o amistoso de Portugal porque este havia sido cedido à Ambev, patrocinadora da entidade que tem direito a uma partida anual. A Ambev recebeu R$ 1,5 milhão dos organizadores da partida, segundo a CBF, em janeiro de 2009.”A confederação não recebeu um centavo pela partida”, afirmou a assessoria.

Por meio de sua secretária, o advogado de Vanessa Precht, Demian Guedes, voltou a dizer que sua cliente não se pronunciaria sobre questões sobre o amistoso.Mais uma vez, ninguém atendeu os telefones da Ailanto, com sede na Barra da Tijuca, no Rio.

Sem o apoio da Fifa, Teixeira perdeu poder e influência e sabe que dificilmente escapa dessa. A principal tese é que, com a descoberta das novas irregularidades, ele acordou com autoridades do Governo sua renúncia para não ser preso.

Isolado, deixou de ser interlocutor até da Rede Globo para negociar direitos de transmissão da Copa de 2018 e 2022. Adoentado e estressado, resolveu mudar o estilo de vida. Até já perdeu 30 kg, após uma dieta rigorosa.

José Maria Marin, 80, será sucessor por ser o vice mais velho da CBF. A renúncia de Ricardo Teixeira abrirá a possibilidade de uma eleição nos próximos 90 dias. A princípio dois presidentes de Federação querem brigar pelo cargo: Marco Pollo Del Nero, da Federação Paulista e Rubens Lopes da Costa Filho, da Federação Carioca. Mas outros nomes poderão surgir, principalmente no Nordeste onde o poder dos presidentes da Federações vem aumentando a cada dia com muitos tendo relação direta com o Governo Federal. (Com informações da Folha)

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